Polícia

Tropa de Elite X Cabral

Publicado em 02/12/2010, às 10h56   Crispiniano Daltro




*Crispiniano Daltro

Os problemas da segurança pública e políticos, assim como o crime organizado, andam paralelamente inseparáveis no Rio de Janeiro. Pois bem, com essa última intervenção da PM na periferia da cidade maravilhosa, ficou muita gente decepcionada com os resultados, diante da pirotecnia da operação policial, deixando no ar muitas dúvidas que podem deixar suspeitas com relação as provas da armação política para desmoralizar os autores do filme Tropa de Elite, assim entendo diante da aparição na mídia.
Sucesso de bilheteria, Tropa de Elite levou mais de 10 milhões de pessoas às salas de cinema, superando o recordista “Dona Flor e seus dois maridos”. Contudo, chama a atenção que a maioria desses atuais espectadores é das classes A e B, que enche salas de projeção pagando preços altíssimos, dificultando assim que as classes C e D tenham acesso devido ao valor do ingresso.

Cheguei a essa conclusão de armação em razão de lembrar o roteiro do filme que demonstra a tese que o problema maior da criminalidade carioca não é mais o comércio de drogas e sim a corrupção em todo organismo estatal e sob o controle das “milícias”, juntamente com os políticos. Quadrilhas formadas e chefiadas na sua maioria por policiais que dominam os bairros, comércio e as associações comunitárias e no final do filme o autor ainda sugere a extinção da PM.

Com a expulsão de 300 policiais militares da corporação nos dois últimos anos só no Rio de Janeiro, anunciada pela imprensa, possivelmente grande parte desse efetivo treinado foi recrutados por quem?  Coincidência ou não, com os últimos acontecimentos da violência urbana ocorrida nas favelas do Complexo do Morro do Alemão, a tese apresentada pelo governador Cabral para justificar a intervenção, acredito que tem o objetivo de responder aos autores da “ficção” Tropa de Elite, que foram fieis ao máximo à realidade das estruturas policiais brasileira, deixando o poder público em xeque.

Quem assistiu ao filme saiu horrorizado e perplexo com tamanha corrupção institucionalizada. Desta forma, a única saída para governo de Cabral para desmoralizar a ficção era implantar uma ação com toda uma pirotecnia, usando a mídia como aliada, que terminou constatando o blefe com a ausência dos principais atores: os 600 chefes dos bandidos não estavam lá.

No filme acontece a mesma situação com o roubo das armas dos policiais numa delegacia, e assim responsabilizar os traficantes de uma faltava controlada pelos soldados da milícia, protegidos por políticos e gente da mídia.  Essa intervenção do Morro do Alemão não tem “pé nem cabeça” sequer falar da facção de milícias e assim ao final dessa história, o resultado será desqualificar o filme Tropa de Elite.

* Crispiniano Daltro - Policial civil, Bacharel em Administração, pós-graduado em Gestão Pública pela UNEB e ex-assessor da Prefeitura de Salvador. 

Classificação Indicativa: Livre

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