Educação

Biblioteca especializada em relações raciais será inaugurada nesta sexta (28)

Imagem Biblioteca especializada em relações raciais será inaugurada nesta sexta (28)
Unidade funcionará no Centro Nelson Mandela, no Ed. Brasilgás, na Av. 7 de Setembro  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 27/11/2014, às 17h16   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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Perto de completar um ano, o Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), ganha nesta sexta-feira (28) uma biblioteca, a primeira da Bahia especializada nos temas direito e acesso à justiça, psicologia e serviço social, em interface com as relações raciais. A inauguração do equipamento será às 15h, na sede da unidade, localizada no Ed. Brasilgás, na Av. 7 de Setembro, em Salvador, com a participação do secretário estadual de Promoção da Igualdade Racial, Raimundo Nascimento, e representantes de órgãos que compõem a Rede de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa.
Para seu funcionamento imediato, a biblioteca recebeu 600 publicações da Fundação Pedro Calmon (FPC), vinculada à Secretaria da Cultura (Secult), e cerca de 150 outras da Sepromi e do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN), além da Coordenadoria Ecumênica de Serviços (Cese). Também contribuíram com o acervo os integrantes da Rede de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa. Os interessados em conhecer o espaço e doar obras relacionadas podem entrar em contato com o Centro pelo telefone (71) 3117-7438 ou fazer uma visita, de segunda a quinta-feira, das 9 às 12h e das 14h às 17h.
Centro Nelson Mandela
Mais de 80 casos de racismo e intolerância religiosa já foram registrados na unidade, desde sua criação, em 17 de dezembro de 2013, sendo os mais frequentes em espaços públicos, como shoppings e locais de trabalho. Após ser chamada de ‘macumbeira’ e receber constantes agressões de outra funcionária em uma empresa de Call Center, Indirene de Oliveira Conceição resolveu não se calar. Procurou o Centro de Referência, realizou a denúncia e levou o atestado de comparecimento ao seu gerente, que a havia remanejado para outro setor por conta do desentendimento. “Ele me pediu perdão e me realocou. Eu estava sem saber o que fazer, mas o Centro me deu todo apoio necessário”, disse.
Esse é apenas um dos casos solucionados com a ajuda da unidade. “O balanço que a gente faz nesse quase um ano de funcionamento é por um lado negativo, porque o ideal era não atender nenhum caso de racismo, mas fazer com que um dia ele suma da nossa sociedade, mas por outro lado comemoramos, pois o grau de consciência das pessoas está aumentando. Ao saber que tem um ambiente específico para recebê-las, elas entram em contato e denunciam mais”, falou o coordenador da unidade, Ivonei Pires. Recentemente, o Centro também recebeu uma denúncia de intolerância religiosa contra a Pedra de Xangô, que tem sido alvo constante de atos em desrespeito à fé de membros de religiões de matriz africana, como despejo de sal, pichação e quebra de oferendas.
Pioneirismo baiano
Primeiro do tipo a nível estadual no país, o Centro Nelson Mandela atende a uma demanda do Movimento Negro. Ao chegar no local, a vítima preenche uma ficha de cadastro e passa por uma triagem que avalia o tipo de atendimento prioritário – jurídico, social ou psicológico, todos serviços gratuitos oferecidos pela unidade, por uma equipe de profissionais especializados. As demandas são analisadas e encaminhadas aos órgãos competentes que fazem parte da Rede de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, como, por exemplo, Ministério Público, Tribunal de Justiça e Defensoria Pública.
Além de colaborar para a elaboração de uma plataforma on-line para a convergência de informações sobre casos de racismo e de intolerância religiosa registrados nos órgãos competentes e fomentar a atuação dos núcleos de prática jurídica, o plano de ação da Rede para 2015, apresentado no dia 21 deste mês, na Procuradoria Geral do Estado (PGE), foca a qualificação de profissionais que lidam diariamente com essas situações.
Em muitos casos, as vítimas que chegam ao Centro já passaram por outros espaços onde não tiveram o acolhimento necessário. “Vivemos em um país que ainda tem problema em admitir que é racista. As pessoas tentam enquadrar a situação em qualquer outra coisa, como assédio moral, menos utilizar a legislação já existente em relação aos crimes de racismo”, disse a coordenadora de Promoção da Igualdade Racial, Tricia Calmon.

Classificação Indicativa: Livre

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