Política

Secretário do PSDC expõe “sujeiras administrativas” do diretório estadual

Imagem Secretário do PSDC expõe “sujeiras administrativas” do diretório estadual
Antonio Albino é acusado de falsificar assinaturas, cobranças indevidas e acordos nebulosos  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 26/10/2014, às 12h05   Marivaldo Filho (Twiiter: @marivaldofilho)


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Quando se fala em reforma política, muitos defendem a diminuição do número de partidos e a extinção das chamadas “legendas de aluguel”. O 2º secretário do PSDC na Bahia, Cezar de Souza Nazário, inconformado com a condução do presidente Antonio Albino da Silva, expôs movimentações pra lá de suspeitas do principal dirigente do partido no estado, com acusações de falsificações de assinaturas, centralização das decisões, cobrança indevida de valores para as autorizações das candidaturas nas últimas eleições, além de garantir que Albino “se apossa” do dinheiro dos acordos feitos pelo partido e não repassa para os candidatos da legenda.

De acordo com Cezar Nazário, o presidente do partido falsificou assinaturas dos candidatos a deputados estaduais e federais do PSDC, que não teriam tempo de chegar em Salvador para assinar a solicitação de registro de candidatura.

A Justiça Eleitoral detectou diferenças entre as assinaturas do candidato a deputado federal Davi Ramos na assinatura do Candex (denominação dada ao módulo externo do Sistema de Candidaturas). Ramos teve a candidatura indeferida, não pôde concorrer, e processou o presidente do partido.

Davi Ramos, que já teria investido algo em torno de R$ 150 mil na candidatura, de acordo com informações de Cezar Nazário, alegou que o presidente assumiu ter feito a assinatura falsa. “Inconformado com os fatos delituosos, o noticiante compareceu ao escritório do PSDC para saber quem foi o responsável pela assinatura do Candex, e foi informado, pelo próprio presidente que a autoria da assinatura havia sido realizada por ele mesmo”, diz Davi Ramos no processo.

O Ministério Público aceitou a denúncia contra Antonio Albino da Silva, que vai responder pelas acusações de falsificação de documento público e falsidade ideológica.

“Eu presenciei as falsificações de assinaturas. Não foi ninguém que me disse. Eu vi ele fazendo. A Justiça percebeu que existia diferença entre as assinaturas no caso do candidato a deputado Davi Ramos, mas ele falsificou várias outras e passou. Ele rubricou um monte”, garantiu Cezar Nazário.

Além do abacaxi judicial que Antonio Albino da Silva terá que descascar, Cezar Nazário o acusa de cobrar até R$ 10 mil para autorizar uma candidatura. De acordo com o secretário do PSDC, o valor cobrado para conceder a legenda depende do grau de intimidade do presidente com o candidato.

“Você acha R$ 10 mil, normal? Teve casos que ele cobrou até isso e eu tenho testemunhas. Ele é um centralizador, as decisões do partido são tomadas por ele e não pelo conjunto. Ele consegue isso porque tem parentes que fazem parte do diretório estadual do PSDC e o ajudam a manter esse tipo de postura”, criticou Nazário.

Negociações nebulosas que resultaram em apoio do PSDC a outras legendas também foram citadas por Nazario como uma forma do presidente aumentar o patrimônio. “Tem cada coisa, que prefiro nem entrar em detalhes porque envolve muita gente grande. Mas ele comprou um terreno em Arembepe com um dinheiro de uma negociação dessa. Não muitas sujeiras administrativas nesse meio”, acusou.

Presidente nega

As acusações do secretário foram todas rebatidas pelo presidente do PSDC, que, inclusive, negou a assinatura dos requerimentos dos registros de candidaturas.

“Nunca fui centralizador. Sempre tive um perfil democrático e todo mundo sabe disso. Não sei que processo é esse de assinatura. Sei que apareceu uma assinatura no documento de Davi e o juiz percebeu que não era dele. Ele disse que não era dele. Estamos esperando o exame grafotécnico. Não recebi nada até hoje, nenhuma intimação. Nunca assinei nada, até porque é ilícito”, garantiu Albino.

A cobrança de até R$ 10 mil reais para autorizar candidaturas também foi negada pelo diretor do partido. “Ele vai ter que provar o que está afirmando e já vou acionar o meu setor jurídico para resolver esta questão. O estatuto do partido não especifica o valor e eu, no papel de presidente, tenho que estabelecer. Às vezes coloco R$ 1 mil, outras 1,5 mil e muitas vezes não cobro nada. Depende do candidato, mas nunca foi esse valor. Nazário, por exemplo, não pagou nada. Isso ele não fala. Muitos deles não têm condições para sair candidatos e querem forçar. Nazário está reclamando porque teve pouco mais de 500 votos e achou que não teve apoio do partido. Está agindo de forma infantil”, avaliou.


Para o presidente, as afirmações de Nazário não passam de ataques pessoais com objetivos específicos. “Ele já disse que sou centralizador em outras oportunidades. Ele deve querer meu cargo. Quero que ele prove. Essas pessoas são sempre assim. Não tem votação expressiva e colocam a culpa na falta de apoio do presidente. Na hora que perde a eleição, ele sempre vem me bombardear. Não passa de um candidato derrotado com acusações levianas e mentirosas”, atestou Albino. 

De acordo com o 2º secretário Cezar Nazário, um grupo de filiados e dirigentes insatisfeitos com a condução do PSDC na Bahia agendarão na próxima semana um encontro com o presidente nacional da legenda, José Maria Eymael, para informá-lo sobre os últimos acontecimentos na Bahia. 

Nota originalmente postada dia 25

Classificação Indicativa: Livre

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