Política

PT só vê PMDB como aliado na hora da limpeza, diz Lúcio Vieira Lima

Imagem PT só vê PMDB como aliado na hora da limpeza, diz Lúcio Vieira Lima
Ele disse que a bancada de deputados do PMDB não foi fiel em nenhuma das votações  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 21/11/2014, às 10h50   Redação Bocão News (Twitter: @bocaonews)


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“O PT só enxerga o PMDB como parceiro na hora de limpar a sujeira”, disse o deputado baiano Lúcio Vieira Lima, vice-líder da bancada peemedebista ao blog do Josias. “Nós não vamos fazer como naqueles filmes em que um grupo mata e depois entra a turma da limpeza. A coligação com o PT não me obriga, por exemplo, a proteger tesoureiro de partido”, completou, referindo-se a João Vaccari Neto, o gestor das arcas petistas.
Segundo o colunista, a analogia de Lúcio evoca o personagem encarnado pelo ator Harvey Keitel no filme Pulp Fiction. Chama-se ‘The Wolf’. Entra em cena sempre que é necessário limpar o sangue e apagar os rastros de um crime. É esse papel que o PMDB da Câmara refuga, disse o vice-líder da bancada comandada por Eduardo Cunha.
Deve-se a acidez de Lúcio às insinuações feitas por operadores políticos do Planalto segundo as quais o PMDB teria tramado a favor das duas derrotas que o bloco governista sofreu no Congresso ao longo da semana. Numa, os partidos de oposição aprovaram um lote de requerimentos na CPI mista da Petrobras. Entre eles o que prevê a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do tesoureiro Vaccari.
Noutra, o bloco que dá suporte congressual a Dilma não conseguiu aprovar na Comissão de Orçamento a proposta que autoriza o governo a descumprir sua própria meta de economia de gastos, autorizando-o a fechar a contabilidade de 2014 inclusive com as contas no vermelho.
Membro dos dois colegiados, Lúcio aplicou um voto no cravo e outro na ferradura. Na CPI, votou a favor da quebra dos sigilos de Vaccari, ajudando a compor a magra maioria de 12 votos contra 11. Na Comissão de Orçamento votou a favor da manobra fiscal urdida para livrar Dilma das consequências jurídicas da irresponsabilidade fiscal. Mas a aprovação requeria os votos de 18 deputados. E só foram obtidos 15.
Ainda de acordo com a coluna, Lúcio realça que a bancada de deputados do PMDB não foi fiel da balança em nenhuma das votações. Na CPI, além do seu voto, só havia o de Sandro Mabel, que se posicionou contra a quebra dos sigilos de Vaccari. Na Comissão de Orçamento, os deputados do PMDB têm cinco votos. Três votaram a favor do projeto do governo. Dois se ausentaram da sessão. Mas ainda que tivessem comparecido seus votos não reverteria o placar desfavorável ao Planalto.
Quanto ao caso de Vaccari, Lúcio Vieira Lima não tem dúvidas quanto ao acerto do seu voto. “Não participo da CPI para defender o PT. Além disse, votei a favor também da convocação de Sérgio Machado”, disse, referindo-se ao presidente licenciado da Transpetro, afilhado político de Renan Calheiros.
Em relação ao projeto que desobriga o governo de registrar superávit em suas contas, Lúcio diz que seu voto “sim” é um sacrifício. “Vivo um dos piores momentos de minha vida parlamentar. Ter que votar contra o cumprimento da Lei de Responsabilidade me deixa transtornado. Mas o crime já foi feito. E a nossa bancada deliberou que votaria a favor.”
“O que houve na Câmara nesta semana não foi nenhuma vitória da oposição”, analisa Lúcio. “Desorganizado, o governo derrotou a si mesmo. O PT tem que parar de culpar o PMDB pelos seus erros. Insisto: nós somos vistos como parceiros só na hora da limpeza.”
Para reforçar o seu ponto de vista, o vice-líder do PMDB citou a reunião que Dilma Rousseff realizou na Granja do Torto. “O encontro foi para discutir a política econômica e analiar as alternativas para o Ministério da Fazenda. A presidenta chamou o Lula, o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) e o presidente do PT, Rui Falcão. Não ocorreu a ela chamar o Michel Temer, que além de presidente do PMDB é vice-presidente da República.”
Lúcio arrematou: “O PMDB não é chamado para discutir a política econômica e não participa da gestão desse setor. Para isso, o partido não é governo. No entanto, na hora que estoura a meta do superávit, o PMDB vira governo e é convidado a laçar deputados para votar a favor. Esse filme a gente já viu no primeiro mandato. O Temer tinha dito que mudaria, que o PMDB seria valorizado no segundo mandato. É um engodo.”
O sentimento manifestado por Lúcio Vieira Lima contamina praticamente toda a bancada do PMDB na Câmara. O deputado apenas falou em voz alta o que seus colegas preferem, por enquanto, sussurrar.

Classificação Indicativa: Livre

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