Política

Mudança na lei eleitoral prejudica candidatos que não têm bala na agulha

Publicado em 24/09/2016, às 07h27   Cíntia Kelly



As novas regras eleitorais que foram bem vistas pelo eleitorado, a exemplo do fim da doação empresarial a candidatos, não são, essencialmente, positivas, e uma nova reforma poderá acontecer no Congresso Nacional passadas as eleições municipais.

De acordo com a líder do governo no Senado, Rose de Freitas (PMDB-ES), um grupo de senadores e deputados federais já está dialogando em busca de uma proposta concisa de reforma eleitoral que poderá ser apresentada ainda em 2016.

O Bocão News conversou com o cientista político Joviniano Neto que traçou pontos negativos e positivos da minirreforma política, no aspecto eleitoral. A propaganda no rádio e na TV ficou mais curta em comparação a anos anteriores. O período caiu de 45 para 35 dias. Na eleição municipal, o tempo semanal de propaganda é de 10 horas, distribuídas entre candidatos a prefeito e a vereador.

“A possibilidade de um candidato mostrar suas propostas e se mostrar diminuiu, e isso é um aspecto negativo”, avalia Joviniano, que vê como aspecto positivo a restrição de financiamento empresarial. Mas ele ressalva. A mudança favoreceu os candidatos mais ricos e cita o caso de João Doria Junior, do PSDB, que disputa a prefeitura de São Paulo. “Ele mesmo pode doar para campanha dele sem limites”.

Com a minirreforma eleitoral, o candidato poderá usar recursos próprios até o limite de gastos de campanha definido pelo partido.
Para Joviniano, com a mudança, apenas políticos já conhecidos terão chances de manutenção de seus mandatos. “Por isso, chamam essa reforma de ‘me eleja de novo’”.

O fundo partidário que é positivo e está dentro do arco do financiamento público acaba resvalando no tratamento desigual dado pela direção dos partidos. “Essa é a forma mais justa e ainda assim tem problema. Há momentos em que a direção acaba ‘investindo’ em candidatos que vão puxar votos, mas há também quem direcione o fundo partidário a quem tem acesso à direção. Sem falar que os partidos no Brasil têm dono. Então, há uma centralização grande na hora da escolha”, afirma.

Estreante em disputas eleitorais, o filho do deputado federal José Carlos Aleluia, Alexandre Aleluia, não tem tido problemas para arrecadar dinheiro para sua campanha. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o estreante, que disputa uma vaga na Câmara de Salvador, já tem R$ 106 mil de recursos, sendo que R$ 90 mil vieram do diretório nacional do Democrata.

O vereador Claudio Tinoco (DEM) fez questão de mostrar publicamente a sua insatisfação. “É lamentável, porque desequilibra a eleição. Deixo clara a minha insatisfação e espero que não reflita no resultado”, afirmou, em entrevista ao Bocão News.

Publicada no dia 23 de setembro de 2016, às 13h50

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