Polícia

Greve da PM: Marco Prisco confronta Jaques Wagner

Roberto Viana
Presidente da Aspra nega que movimento grevista tenha sido eleitoreiro. Ele é candidato a deputado  |   Bnews - Divulgação Roberto Viana

Publicado em 19/04/2014, às 06h24   Cíntia Kelly (Twitter: cintiakelly_)


FacebookTwitterWhatsApp

Presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares no Estado (Aspra), o vereador Marco Prisco, negou que o acordo assinado ontem para acabar com a greve da PM tenha sido o mesmo feito antes da deflagração do movimento, na terça-feira passada. O mesmo diz o presidente da Força Invicta, coronel Edmilson Tavares. A afirmação de ambos se confronta com a do governador Jaques Wagner.


“A única coisa que melhorou, mas é muito pequeno perto do que já estava oferecido, foi o CET [Condição Especial de Trabalho] dos oficiais que estavam em 110% e nós elevamos para 125%. O resto é absolutamente igual àquilo que foi assinado entre uma das lideranças [Marcos Prisco] e o secretário de Segurança Pública [Maurício Teles Barbosa]”, afirmou o governador Jaques Wagner, ontem, em coletiva à imprensa.

Segundo o tenente coronel Edmilson Tavares, os oficiais deixam de receber o CET, que fica só para praças e soldados, e passam a receber o RTI, que sai dos 125% e vai para 150% sobre o soldo. “Não podemos acumular as gratificações, então, os oficiais passam a receber o RTI com o reajuste de 25%”, assinala o tenente coronel.

Irritado com a afirmação do governador, Prisco diz que a greve aconteceu porque o governo ‘empurrou com a barriga’ as deliberações extraídas do grupo de trabalho desde o fim da greve de 2012, quando 189 pessoas morreram nos 12 dias em que os policiais militares cruzaram os braços. “De 100% do que nós mandamos para a avaliação do governador, 90% foram rejeitados”, rebate Prisco.

Acusado de usar o movimento para fins eleitoreiros – Prisco é vereador e vai disputar uma vaga na Assembleia Legislativa -, o ex-policial e atual vereador encrespa. “E em 2012 foi eleitoreira também”, questiona. A partir do movimento de dois anos atrás, Prisco se candidatou a uma vaga na Câmara Municipal de Salvador e foi eleito com 14.820 votos. Ele rebate. “Mas teve greve em 2001 e o PT apoiou. Foi eleitoreira?”. Possivelmente. Um dos líderes daquela época, sargento Isidório, também se candidatou a deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores e foi eleito. Por lá ele está há três mandatos, embora em outro partido.


Em dois dias, mais de 40 pessoas morreram em Salvador e Região Metropolitana. Na segunda maior cidade do Estado, Feira de Santana, o número também assustou. Quarenta e dois mortos. Ao ser indagado se a pouca alteração da proposta que encerrou a greve não teve uma contrapartida macabra, Prisco rechaça. “Todo semana morrem 30, 40 pessoas. Atribui isso a greve é ridículo. Será que a sociedade não vê que essas mortes acontecem independentemente da greve?”.

Também irritado, o presidente da Aspra não gostou de ser questionado sobre a comemoração regada a churrasco e arrocha, após o fim da greve. “O clube dos oficiais ofereceu. Foi uma forma de distensionar o clima. Fazer críticas sobre isso é muita hipocrisia”.



Publicada no dia 18 de abril de 2014, às 13h26

Classificação Indicativa: Livre

FacebookTwitterWhatsApp