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Após revolucionar surfe de ondas gigantes, baiano ganha livro, documentário e série de TV

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Márcio Freire e dois conterrâneos desbravar as ondas mais temidas do planeta apenas na remada, sem jet sky  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Facebook

Publicado em 24/12/2018, às 12h47   Shizue Miyazono



Em 2011, a elite do surfe mundial foi tomada de surpresa com o “Brazilian Storm”, expressão usada pelos jornalistas estrangeiros para se referir a nova geração de surfistas brasileiros, que começava a incomodar países que, até então, dominavam o esporte. Em 2014, Gabriel Medina se transformou no primeiro brasileiro campeão mundial, seguido por Adriano de Souza, o Mineirinho, no ano seguinte. Este ano, mais uma vez, os surfistas brasileiros estão na crista da onda: Medina conquistou o bicampeonato, os brasileiros venceram nove das onze etapas da World Surf League (WSL) e Jesse Mendes venceu a Tríplice Coroa, tradicional disputa havaiana.

Mas, muito antes disso, em 2007, o baiano Márcio Freire, na companhia dos conterrâneos Danilo Couto e Yuri Soledade, reescreveu a história do 'big surf' no mundo. Radicado no Havaí, ele conseguiu surfar Jaws, sem a ajuda de uma moto aquática Márcio e os amigos droparam as ondas na remada, até então tido por alguns como algo impossível. A história de Márcio é contada em um livro, escrito pela mãe Dione, e um documentário e série no Canal Off.

Ao BNews, Márcio contou que nunca teve interesse em tow-in, por isso não ia muito para Jaws, mas, naquele dia épico, Danilo viu que o mar ia ter uma condição boa e o chamou para explorar uma das ondas mais temidas do planeta. Assim, os amigos baianos, que se conheciam desde a infância participando de campeonatos de surfe na Bahia, resolveram desbravar as ondas mais temidas do planeta sem jet sky, sem nenhum tipo de auxilio de resgate, apenas com suas pranchas.

"Foi uma coisa natural de surfista de onda grande, de querer ir lá, explorar, e surfar as ondas. Ninguém estava querendo fazer uma história, escrever um novo capítulo, foi bem natural", explicou Márcio.

Após 20 anos morando no Havaí, Márcio resolveu voltar para o Brasil e dar outro rumo a sua vida, desta vez, investindo na carreira. À reportagem, ele contou que nunca correu atrás de patrocínio para viver do esporte. "Eu não me importava, estava vivendo, trabalhando, não tinha interesse. Estava vivendo a minha vida. As coisas que saíram minha na mídia foram as pessoas que me procuravam, eu não tinha interesse de me expor, de correr atrás. Agora que estou procurando algumas empresas em busca de patrocínio".

Depois desse feito em Jaws, o trio de baianos ficou conhecido como ‘Mad Dogs’ (cachorros loucos - em tradução livre), como eram chamados pelos havaianos. A história de Márcio virou livro, escrito pela mãe Dione, documentário e série, no Canal OFF. Apesar de pouco conhecido no Brasil, Márcio não se sente depreciado e afirma que o documentário ajudou a contar sua história.

No Guarujá para passar o Natal, ele já consegue perceber como as publicações estão dando visibilidade ao seu trabalho. O baiano contou que foi surfar e foi abordado por um rapaz que disse ser seu fã e que admirava seu trabalho.

"O que a gente fez foi um feito muito grande, mas o nosso documentário trouxe isso, mostrou a nossa história. Talvez a nível internacional, o nosso feito não foi valorizado, eles[mídia] sempre seguraram, não quisera expor nosso feito, mas aqui no Brasil a mídia do surfe estava sempre mostrando [o trabalho]", afirmou o surfista.

Hoje, olhando o sucesso de Medina, Toledo, Ítalo, Mineirinho e companhia, Márcio acredita que até demorou para os brasileiros dominarem o circuito mundial, mas ele destaca que o País também é destaque nas ondas grande. "Antigamente o Brasil não tinha muito respaldo no circuito mundial, eram poucos que participavam, mas nós sempre fomos grandes surfistas de ondas pequenas e, na época, não tinha ninguém em campeonatos como Pipeline e no Taiti. Demorou muitos anos pra gente dominar o surfe mundial, acho que tem muito a ver com as dificuldades para as competições no Brasil. Hoje em dia, o Brasil é elite em tudo, não só no circuito mundial, como no circuito de onda grande. Nós já fomos campeões mundiais de surfe com Carlos Burle e Rodrigo Resende, em 98, no primeiro campeonato de onde grande", finalizou um dos 'Mad Dogs'.

Classificação Indicativa: Livre

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